Reportagem com Iran BZ
Iran BZ: Essência e Pluralidade
Produção: Bz, como surgiu a idéia de realizar esse trabalho (cd)?
Iran Bz: O sonho é antigo! Mas sempre acreditei que o momento certo se apresenta pra quem está se movimentando! Comecei a compor aos 17 anos, quando ainda era estudante pré-universitário em Fortaleza. Aos 19 comecei a tocar “na noite”, logo em seguida fui para o Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, São Paulo, Minas... Sempre com o meu violão e minhas composições... Aí não tem jeito, né? O sonho de expor essa jornada em um cd ficou cada vez mais intenso. Tornando-se impossível não realizá-lo!
Produção: São seis anos longe de Fortaleza, por que iniciar a apresentação do cd aqui?
Iran Bz: Sou cearense, portanto não consigo imaginar outro lugar mais óbvio que Fortaleza para a estréia do “Traços de meu Canto”! Pois, desde pequeno tenho um enorme fascínio pelo Teatro José de Alencar, quando vinha do colégio, passava por ali e ficava meio que encantado pela beleza e magia daquele lugar... Na realidade, lançar meu cd no ano do centenário do Teatro intensificará essa “magia”!
Produção: Como foi a criação do show?
Iran BZ: Atualmente moro em Rio das Ostras, na região dos Lagos do Rio de Janeiro. Morar aqui foi fundamental para a criação desse trabalho. Conheci muitos artistas, fiz muitos amigos. Parece que o combustível dessa cidade é a arte! Faz lembrar minha terra... Começamos a produzir o show enquanto gravava o cd. Montei uma banda base, com ajuda de meu produtor musical e alguns amigos, daí foram surgindo boas idéias. O show de lançamento terá a participação de artistas de Rio das Ostras: Diogo Spadaro (guitarra e direção musical), Cau Barros (percussão), Rodrigo Zago (bateria, sax e percussão),Leib Moraes (contrabaixo) e ainda de músicos cearenses: Evaristo Filho (participação especial e produção), Cunha Nobre (participação especial), Rosa Mato (abertura do show), Alves Nascimento (Acordeon), entre outros...a produção artística do show ficou por conta de Juliana Brunner, Mirian Diva, Bia Raquel e Sérgio (todos de Rio das Ostras).
Produção: “Traços de meu Canto” traz várias participações especiais, como foi o processo de escolha?
Iran BZ: Desde o início a idéia era reunir vários artista que, de alguma forma tivessem uma ligação com minha arte. O primeiro foi Zezo Ribeiro, o melhor violão que conheço! Desde meados dos anos 90 que tenho acesso ao som de Zezo, quando vinha ao Brasil sempre fazia apresentações em Fortaleza, aliás, o cara traduz muito bem a música nordestina. Essa foi uma participação decisiva para o início do projeto! Outro convidado foi o guitarrista carioca Carlo Filipe, que tive a sorte de conhecer em Rio das Ostras em 2008. Carlo traz na bagagem quatros CDs com participações de Guinga, Toninho Horta, Robertinho Silva entre outros. Outra participação “obrigatória” foi o grupo Vitrola Digital de Rio das Ostras, música brasileira com Alexandre Bagam, Diogo Spadaro, Leonardo Mercês, Rodrigo Zago e Wagner (grandes amigos). Dona de uma voz marcante, Thaís Macedo foi convidada para participar na canção que fiz especialmente pra ela... Finalmente, o Maracatu Nação Fortaleza, um dos grandes culpados pela inspiração de algumas canções; quando vi esse grupo se apresentar no TJA fiquei encantado... Virei fã e amigo.
Produção: E as canções?
Iran Bz: Tentei compilar nesse projeto todas as fases de composição... “Ser Zen” com participação do Vitrola Digital, traduz muito o início: com sua letra alucinógena! “Iracema/ E o Juízo?” são canções que falam da minha alusão à noite cearense; quando eu corria as madrugada de Fortaleza atrás de ouvir grandes artistas e dar as famosas “canjas”... “Menina do Maracatu”, com participação especialíssima de Zezo Ribeiro, traz minha admiração pelo universo do Maracatu. Concebida um dia depois que vi a coroação do Nação Fortaleza... Já “Enquanto Toco no Cais” é uma canção muito importante pra mim, sua composição se deu quando, no Rio, lembrava do saudoso Cais Bar da praia de Iracema... Em “Aquele Verão”, a canção espoja o desabafo do meu violão! “Se não for amor”, composição que marca minha volta a Fortaleza em 2000, um momento mágico a parte... Enquanto que “Samba Jazz”, com a participação especial de Thaís Macedo, foi uma influência direta do jazz de Carlo Filipe e do Samba de Thaís, dona da voz que me inspirou nessa criação... “Traços de meu Canto”, com a percussão do Nação Fortaleza, canção divisora de águas na minha vida como compositor, é uma canção que faz alusão à minha saída de Fortaleza em busca desse sonho, a minha reverência a essa terra de gigantes, a musicalidade, meu lugar, minha estória... “É Loucura”, parceria com Socorro Cavalcante, uma música apaixonante, sem comentários lógicos! “Paixões de Divã”, parceria com minha esposa Jerusa Gomes e meu amigo Roney Filho, uma noite de vinhos e violas, uma nova concepção pra minha música... e a canção “Diferente” dos cearenses Evaristo Filho e Edmar Gonçalves, uma história bacana: ouvi essa canção em 2001 quando ainda estava no Ceará, depois que a ouvi não parei mais de tocá-la ..é uma daquelas canções que eu gostaria de ter feito!
Produção: Com tantas participações, o processo de gravação deve ter sido trabalhoso, não acha?
Iran Bz: É verdade. No início a idéia era gravar tranquilamente, sem muita pressa. Mas a coisa foi tomando uma dimensão cada vez maior e com o fechamento do show em Fortaleza para julho, tivemos que correr contra o tempo!Em primeiro lugar, devo muito a minha família; esposa e filhos (Jerusa, Lua e Leo), pela paciência e por suportarem da melhor maneira minha ausência! Meu produtor musical Ronny Monteiro foi uma peça fundamental para que tudo desse certo; teve muita paciência comigo e com todos os envolvidos no processo! Vários músicos participaram do cd e têm grande importância no sucesso dessa empreitada: Ronny Monteiro (contra-baixo, bouble bass, violão), Chaguinha do Acordeon, Caius Marins (teclado, piano,cordas), Leib Moraes (contra-baixo na faixa “Diferente”), Renata Cabral e Lu Oliveira (vocal “eternamente agradecido pela força”), Roberto Valcácio (bateria), e meu irmão Cau Barros (percussão)... No caso do Zezo Ribeiro, tivemos que enviar parte do material para a Espanha, parte para São Paulo. O maracatu Nação Fortaleza gravou em Fortaleza mesmo. A junção é que se deu graças à tecnologia! Enquanto gravava, estávamos também preocupados com os ensaios para o show e ainda com a produção, mas com a grande parceria e amizade dos produtores Bia Raquel, Mirian Diva, Sergio e Junior (no próximo cd tem que entrar a gaita desse garoto!). E em Fortaleza a produção do meu novo grande amigo, o compositor Evaristo Filho... Falar de nomes é complicado, pois sempre nos esquecemos de alguém, fica então uma possibilidade de está me esquecendo de alguém, junto com minhas desculpas.
Produção: Essência e Pluralidade definem sua arte?
Iran Bz: Definições são sempre superficiais, mas essas palavras traduzem sim esse trabalho e também minha personalidade; não gosto de rótulos, minha música não pode ser rotulada, por ser extração de uma vida cheia de idas e vindas, com muitos motes, muitos motivos diferentes, muitos ritmos... Não paro para compor... Quando surge a inspiração, torço para achar uma caneta e um papel! Já cheguei a escrever letras de música na mão, em guardanapos... Curto o que considero ser de bom gosto, independente de ritmo, origem, intérprete... Isso me deu essa coisa plural... |